Liderar equipes de Facilities sempre exigiu jogo de cintura, mas nos últimos anos, um novo desafio se tornou cada vez mais evidente: a convivência entre diferentes gerações dentro da mesma operação.
Hoje, não é raro encontrar técnicos da Geração X, gestores da Geração Y (os millennials) e jovens da Geração Z trabalhando lado a lado — com rotinas, metas e pressões iguais.
Mas o que motiva, engaja e mobiliza cada um deles? Certamente não é a mesma coisa.
Ignorar essas diferenças gera ruído, queda de produtividade e desengajamento.
Liderar bem, nesse novo cenário, exige consciência geracional e inteligência relacional.
E no Facilities, onde o dia a dia é pressão pura, isso é mais do que desejável — é necessário.
Entendendo os perfis: o ponto de partida para uma liderança mais eficaz
Pesquisas da Deloitte, McKinsey e do World Economic Forum já apontaram:
equipes multigeracionais são mais criativas, adaptáveis e inovadoras — desde que bem lideradas.
Mas para extrair o melhor de cada geração, é preciso conhecer suas características principais.
Geração X (nascidos entre 1965 e 1980)
- Valorizam estabilidade, experiência e autonomia
- São mais reservados e práticos
- Aprenderam a lidar com a escassez e têm resiliência operacional
- Preferem lideranças diretas e ambientes com menos mudanças bruscas
Geração Y – Millennials (1981 a 1996)
- Buscam propósito e equilíbrio
- São digitais, mas ainda com base analógica
- Precisam de feedback constante
- Valorizam cultura, ambiente colaborativo e desenvolvimento contínuo
Geração Z (1997 em diante)
- Nativos digitais e imediatistas
- Esperam agilidade, transparência e autonomia desde o primeiro dia
- Têm baixa tolerância à burocracia
- São multitarefa, mas muitas vezes carecem de profundidade técnica
Como tudo isso se encontra no chão da operação
No setor de FM e PM o desafio é ainda mais crítico.
Você pode ter um técnico da Geração X que domina os bastidores do sistema predial, um jovem da Geração Z atuando na inspeção de sensores com aplicativo em tempo real, e um gestor millennial tentando criar cultura de dados com uma equipe que ainda funciona no caderno.
Sem consciência da diferença de repertório, ritmo e expectativa, a liderança entra em modo de atrito.
O resultado?
- Time desunido
- Falhas de comunicação
- Reações negativas a mudanças
- Desperdício de talentos (e potencial)
O que funciona na prática: estratégias reais de integração entre gerações
Ao longo da minha jornada em FM e PM, e trabalhando com grandes empresas e equipes operacionais diversas, alguns aprendizados se repetem:
- Evite o erro da liderança única
O que engaja um colaborador da Geração Z pode desmotivar alguém da Geração X.
Liderança eficaz hoje é adaptável. Você precisa ajustar a forma sem perder o foco no objetivo.
“A boa liderança é como um técnico que muda a tática sem mudar o propósito.”
- Use a complementaridade a seu favor
Não coloque gerações em confronto.
Coloque-as para se complementar.
Um colaborador experiente pode ensinar consistência e padrão; um mais jovem pode trazer agilidade e inovação.
Crie duplas de trabalho com perfis distintos. Os resultados são surpreendentes.
- Comunicação clara e contextualizada
Seja objetivo com a Geração X, colaborativo com a Y e visual com a Z.
Não é “mimar”, é entregar a mensagem de forma que ela seja absorvida.
- Tecnologia é ferramenta, não barreira
Você não precisa transformar todos os profissionais em programadores.
Mas precisa garantir que todos entendam o propósito das ferramentas e sintam segurança para usá-las.
- Invista em cultura de reconhecimento transversal
Não reconheça só quem entrega rápido — reconheça também quem ensina, sustenta e organiza.
Cada geração brilha de uma forma. Dê visibilidade para isso.
Liderar gerações diferentes é mais trabalho? Sim. Mas também é mais resultado.
O erro é tentar padronizar o que precisa ser customizado.
Ou tratar as diferenças como problema, e não como fonte de inovação.
Em vez de tentar “enquadrar” a Geração Z ou “modernizar à força” a Geração X, o papel do líder é fazer com que cada perfil atue onde pode entregar mais.
No fim das contas, o melhor gestor de Facilities hoje não é o que mais entende de manutenção, operação ou BMS — é o que entende de gente. E sabe como mobilizá-la para a estratégia da empresa.
