Funcionalidade Importa mais que Tendências e Moda

Postado em Design , Postado em Urbanismo ,     Escrito por Arq. Miriam Gurgel    em público junho 9, 2015

O processo criativo envolvido na arquitetura de interiores e no design de interiores deve, a meu ver, favorecer a praticidade e a funcionalidade. Acredito que qualquer projeto possa ser “vestido” com qualquer modismo ou tendência. Porém, a moda passa e a funcionalidade fica.

Por esse motivo, sempre procurei ensinar aos meus alunos e garantir a meus clientes que um projeto deve ser superior ao seu aspecto decorativo. A moda muda, mas uma boa solução poderá trocar de “roupa” e continuar eficiente.

As tendências existem e podem ser seguidas, uma vez observados outros valores mais importantes. Por isso, o processo criativo deve contemplar todas as variantes existentes, tanto no espaço a ser utilizado, quanto em relação às pessoas, que ali passarão parte de suas vidas.

Um projeto comercial, por exemplo, deve refletir uma ideia, uma marca, um comportamento, ou mesmo um sistema de trabalho. Já um residencial, um modo de viver, relações pessoais, crenças e interesses, além de tantos outros componentes.

Um processo criativo é composto por etapas e elas não devem, e nem podem, ser esquecidas. O levantamento de dados é fundamental, pois dele partirão as premissas do projeto. Um erro, um esquecimento, uma falha na coleta de dados pode conduzir a um projeto mal resolvido, ou mesmo não “funcional” para o cliente.

A globalização trouxe alguns perigos, entre eles, a falta de identidade e a repetição de tendências e modismos de norte a sul do globo. Mas não somos todos iguais, não moramos em regiões com o mesmo clima, não comemos as mesmas comidas, não dormimos do mesmo modo, não queremos as mesmas coisas. Então, nossas casas devem ser diferentes, refletirem nosso modo se ser e “querer”. O Design no Brasil deve refletir quem somos e como vemos o mundo. Em suma, o design de cada projeto deve refletir quem é o cliente em questão.

Espero que a globalização da criatividade não invada o interior de nossas casas. Não acredito que existam regras pré-estabelecidas no processo criativo, como, por exemplo, a de que corredores não devem existir, camas não podem ser posicionadas embaixo de janelas, ou qualquer outra imposição. Acredito que existam objetivos a serem alcançados e que mudam de um projeto para outro.

O que existem são regras, diretrizes e soluções para se atinjir um determinado objetivo. Se sinto calor e quero a brisa sobre a minha cama, colocá-la embaixo da janela poderá ser uma solução. Se preciso fazer uma casa longa, talvez corredores possam ajudar. Portanto, a arquitetura e o design de interiores devem ser capazes de expressar objetivos bem determinados.

A pesquisa é outro elemento fundamental e, sem ela, “tudo continua tal e qual”. É impossivel criar alguma coisa diferente se o que conhecemos é restrito. É preciso realizar pesquisa pessoal, de materiais, de soluções, de opções. Enfim, pesquisa!

Conhecimento do cliente, dos produtos e materiais, do espaço, do objetivo final, dos elementos do Design, entre outros, são apenas algumas das etapas do processo “consciente”, na busca da melhor solução para um projeto e resolver os problemas em questão.

sobre o autor
Arq. Miriam Gurgel

Formada em Arquitetura pela Universidade Mackenzie e em Treinamento e Avaliação pelo TAFE Austrália. Docente em diversas escolas no Brasil e na Austrália. Autora de 4 livros pela editora SENAC sempre com enfoque nas áreas de Arquitetura e Design de interiores que têm se tornado referência em Portugal e no Brasil.